Esquerda subversiva e revolucionária

Segundo Enzensberger, a esquerda constitui em si mesma uma categoria vazia, pois não possui estratégia relativamente aos media, permanecendo fiéis a modelos arcaicos de comunicação, recusando-se a explorar as inúmeras possibilidades facultadas pelos mass media. Quanto à nova esquerda, subversiva e revolucionária, nascida nos anos 60, o desenvolvimento dos media foi reduzido a um simples conceito – o de manipulação. Enzensberger incita a esquerda a superar estas contradições, libertando o potencial emancipador inerente aos novos media. Contrapondo essa utilização dos media para fins repressivos ao desenvolvimento emancipador, Enzensberger compara dois modelos de comunicação: Programa controlado centralmente e um programa descentralizado. No primeiro, atendendo aos fins repressivos, temos um emissor e vários receptores, o que conduz a uma imobilização individualizada. Aqui temos um papel passivo do consumidor, pois a mensagem foi gerada por produtores especializados, chegando esta a ser controlada por proprietários privados ou até mesmo por burocracia, o que não deixa margem para feedback. No programa descentralizado, praticado pela nova esquerda, temos um emissor potencial para cada receptor, o que implica uma mobilização de massas. Aqui há retroacção, pois a mensagem foi gerada por um colectivo e controlada socialmente. 

A afirmação de Enzensberger de que somente uma prática revolucionária pode extrair virtualidade de uma troca democrática inscrita nos media, hoje confiscada e pervertida por uma ordem dominante é alvo de questionamento por parte de Baudrillard. Este assume que os media têm uma função social e que requerem reciprocidade entre interlocutores e uma ambivalência na troca da mensagem, logo: «is not as vehicles of content, but in their form and very operation, that media induce a social relation; and this is not an exploitative relation: it involves the abstraction, separation, and abolition of exchange itself. The media are not co-efficients, but effectors of ideology». 

Sem comentários:

Enviar um comentário